sexta-feira, 26 de junho de 2009

AMOR DE CARNAVAL...

Dizem que não dura, que não dá certo. Que esses amores surgidos no período carnavalesco acabam fatalmente na quarta-feira de cinzas, pensava Maria Lúcia.
Com Maria Lúcia e Ricardo, foi mais ou menos assim:
Ela, trinta anos, professora, já cansada de relacionamentos desinteressantes e sempre disposta a dar uma chance ao amor.
Ele, engenheiro apenas.
Conheceram-se no carnaval de rua. Viram-se,quiseram-se. Simples assim. Ela, devidamente fantasiada de chapeuzinho vermelho (com cestinha e tudo!). Ele, jeans e camiseta.
A conversa entre os dois começou num momento inusitado quando Maria Lúcia fora comprar uma cerveja, e seguiu noite adentro. Na manhã seguinte, na porta do apartamento dela, ao se despedirem, trocaram os telefones, mas logo que ele se foi, ela pensou:
_ É mais um daqueles caras maravilhosos que a gente encontra e que desaparecem no dia seguinte.
Foi dormir mais um pouco.
Acordou por volta de três da tarde com a seguinte mensagem no celular: " - Demorei??" Ricardo.

Dali por diante o convívio entre eles tornou-se freqüente.

Maria Lúcia ia pensando nisso enquanto caminhava até a padaria para encomendar o bolo. Já havia tomado outras providências, mas o bolo seria especial, queria ela mesma escolher todo ele.
Provavelmente seria de maçã, como nos anos anteriores.

Ao passar em frente a uma loja de artigos para festas, resolveu que compraria também um desses enfeites que se coloca em cima do bolo , só para fazer graça mesmo.
Entrou.
A vendedora lhe atendeu prontamente:
Maria Lúcia escolheu e apressou-se em resolver logo o que faltava, pois já havia passado parte da manhã e ainda não tinha tudo pronto. ( Não era nada metódica e isso, algumas vezes, entrava em choque com a personalidade de Ricardo. Dizem que os opostos se atraem. Eles eram opostos demais.)
Ia envolta em seus pensamentos, imaginando coisas como era hábito seu (desde menina) e criando histórias e personagens baseados na vida real.
Lembrou-se de cada momento inesquecível que havia passado ao lado dele.
Da primeira briga, duas semanas depois de se conhecerem, quando Ricardo, sem motivo aparente e com um visível temor de se apaixonar, terminou tudo. Sorriu. Aquele sorriso de quando as coisas ruins já passaram e nos lembramos delas apenas como tolices. Lembrou de momentos que julgava já esquecidos, mas que de vez em quando voltam à tona para nos provar que a vida é mesmo composta de pedacinhos, uns felizes, outros não. Do cachorro, que só ficou um mês pois dava muito trabalho, do primeiro reveillon juntos, enfim, passou em sua mente um filme onde pode rever e avaliar sua vida.
Era feliz.

Mais tarde, já em casa, vestindo uma saia rodada e uma camiseta branca (não abria mão das saias, tinha pernas lindas...) esperava por seus convidados.


Um grito no portão:
_Mãe, o bolo chegou!

Um lindo bolo de maçã, com cobertura e tudo onde estavam fincados dois bonequinhos (aqueles da loja de presentes). Uma menina vestida de chapeuzinho vermelho e um garoto meio esquisito.
Logo abaixo, a seguinte frase:
" Amor de carnaval dura sim!!!"
Bodas de Prata
Maria Lúcia e Ricardo.

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